Não somos hipócritas descontentes
Vivendo num desânimo fatal
Somos hipies persistentes
O amor é o nosso ideal
Campos de concentração na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial |
Cada um ter o que deseja
É que é pura felicidade
E nós hipies o que queremos
É paz, amor e liberdade
Testemunho de uma visita «in loco» de Teresa Fernandes
A cerca de 70 Km de Cracóvia (antiga capital da Polónia), existe uma local chamado Oswichem, situado numa zona extremamente plana, factor que constituiu motivo atractivo para os Nazis o terem escolhido a fim de procederem à instalação de campos de concentração: tinham uma área de visão muito alargada, o que lhes permitia o fácil controle dos prisioneiros nos campos. Como para os Nazis era de difícil pronúncia o nome da localidade, entenderam dar-lhe um nome alemão: AUSCHWITZ. Para além de ser mais fácil de pronunciar, era de difícil localização por induzir a estar situado na Alemanha, devido à natureza do nome. Os judeus, ciganos, etc. eram convencidos que se tratava de um local onde iriam começar uma vida nova, onde ninguém os perseguia, como acontecia nos locais onde originariamente habitavam. Assim, eram os próprios que compravam os bilhetes de comboio e esperavam por ele na estação (na maior parte das vezes) fazendo-se acompanhar de tudo o que necessitariam para o começo da ilusória vida nova: roupa, utensílios de cozinha, ferramentas, obras de arte, etc.. Eram sempre muito avisados para identificarem correctamente as malas e bagagens, por forma a que nada se extraviasse. Deviam, inclusive, colocar nas malas a morada de origem, para que no caso de alguma se perder (diziam os Nazis) ser remetida para o seu endereço de origem, a fim de quando regressassem a suas casas tudo lá se encontrar.
Como nós sabemos hoje, a realidade era totalmente diferente: logo à entrada dos campos de concentração todos os objectos eram-lhes retirados e enviados para a Alemanha (depois de devidamente catalogados e separados por categorias e tipos), a fim de serem utilizados pelos soldados do exército alemão ou convertidos noutros utensílios necessários à máquina de guerra, nomeadamente em armas, ou ainda no caso dos objectos de ouro para ser vendido, a fim de obterem meios financeiros para «sustentar» a guerra. Neste capítulo não nos podemos isentar de responsabilidades, porque a par dos espanhóis e dos suíços (estes em maior escala) fomos daqueles que também comprámos algum desse ouro de proveniência duvidosa. Aos prisioneiros eram-lhes retiradas todas as próteses (no actual museu podem ser vistas várias próteses de braços e pernas), ricas em metal (platina) e tudo o que fosse ouro (até os dentes). As tranças das mulheres eram igualmente cortadas e os seus cabelos rapados, a fim de servirem de matéria-prima para o fabrico de tecidos.
AUSCHWITZ, muito embora seja o campo de concentração mais falado, não era dos piores nem dos maiores. Era habitado essencialmente por presos políticos polacos e prisioneiros de guerra russos. Aqui, as habitações eram em tijolo e as pessoas morriam apenas de fome, excesso de trabalho e doença: não por inalação de gás.
Tudo isto não é obra do acaso, por duas razões: a primeira, é que em redor de Auschwitz existiam mais campos de concentração, esses sim, horríveis, onde eram cometidas as maiores atrocidades possíveis contra a raça humana - Auschwitz existia para ser mostrado à Cruz Vermelha Suíça, caso os Nazis fossem delatados e a Cruz Vermelha pretendesse certificar-se como estavam a ser tratados os supostos presos de guerra; a segunda, porque em Auschwitz só existiam quatro fornos crematórios e a sua capacidade ficava totalmente hipotecada e esgotada com os presos que morriam de fome, esgotamento físico ou doença.
Todos estes campos encontram-se actualmente transformados em museus. Os polacos fazem questão e ponto de honra em manter tudo tal como foi encontrado após a libertação pelos Aliados. Nos corredores dos pavilhões estão em ambos os lados expostas fotografias de algumas das vítimas, com a data de entrada e a data de falecimento: os homens aguentavam em média cerca de seis meses, visto serem mais resistentes e de maior utilidade e necessidade para trabalhar, enquanto es mulheres, salvo raras excepções, não suportavam, em média, mais que dois meses, o sofrimento que lhes era imposto.
Por aqui ou por ali
Somos alvo de contestações
Por ali ou por aqui
Protestamos contra guerras, hipócrisias e prisões
1 - Portão de entrada para Auschwitz. As inscrições colocadas na parte superior do portão, significam, em alemão «O TRABALHO FAZ A LIBERDADE», o que não deixa de ser verdade: as pessoas efectivamente morriam de excesso de trabalho e nessa perspectiva libertavam-se do sofrimento imposto, em forma de fumo, uma vez cremadas.
2 - Posto de observação em Auschwitz. As casas são em tijolo (tipo de material usado na Polónia na construção) e têm um aspecto agradável.
Foste tu oh Jesus
Foste Tu o primeiro
E só Tu é que Foste
Um hipie verdadeiro
3 - Este edifício tem a particularidade de ter as janelas completamente tapadas por painéis de madeira. Trata-se do bloco onde eram levadas a cabo as experiências médicas de que temos conhecimento, nomeadamente: inseminações, vários tipos de experiências com gémeos, etc. com vista ao apuramento de uma raça pura. As janelas estavam devidamente tapadas, por forma a que de fora ninguém pudesse desconfiar do que se passava no interior. Era ainda um modo de isolar e abafar, em parte, os gritos de horror que de lá saíam.
4 - Edifício onde a GESTAPO fazia os interrogatórios, nomeadamente para saber se os prisioneiros tinham conhecimento de mais famílias, dos seus locais de origem e que supostamente deveriam estar nos campos. Era o bloco das torturas, onde os prisioneiros que desobedecessem às regras erem castigados. Foi igualmente neste bloco que se fizeram as primeiras experiências de gaseamento em massa. Os nazis experimentaram ainda outro tipo de morte: por asfixia. Seria o método mais "simples", pois bastava vedar devidamente as minúsculas celas onde encerravam os prisioneiros: a falta de renovação do ar fazia o resto.
5 - Pátio de fuzilamento entre o bloco das experiências médicas (à esquerda) e o das torturas (à direita). No fim do bloco das torturas existia uma porta, por onde as vítimas saíam, completamente nuas, directamente para este pátio. Os homens eram encarcerados na metade do edifício mais próxima da porta e as mulheres ficavam na extremidfade oposta, por forma a que, ao serem conduzidas nuas para a porta da morte, tivessem que passar no sector masculino, aumentando deste modo a sua humilhação.
6 - Pormenor de um local de castigo com cerca de 1 m², no bloco da Gestapo. Aqui eram encercerados durante uma noite quatro prisioneiros que tivessem violado as regras. O «crime» mais comum era o de tentar roubar a comida dos dentes do outro. Dada a exiguidade do espaço, os prisioneiros tinham que dormir de pé, pelo que no dia seguinte não tinham forças para trabalhar e eram, então, violentamente agredidos e espancados pelos guardas.
7 - Beliches de camaratas de prisioneiros em Auschwitz, onde se pode ainda ver algo com semelhanças a um colchão.
8 - Formas de acomodação em Auschwitz.
9 - Chaminé do único centro de fornos crematórios existente em Auschwitz. Os fornos são sempre subterrâneos e as chaminés localizadas nas áreas limítrofes dos campos de concentração, rodeadas de árvores para dissimular o fumo. O que os Nazis não conseguiam totalmente disfarçar era o cheiro adocicado e enjoativo proveniente da cremação intensiva dos corpos humanos, que se propagava pelos campos de concentração e pelas regiões adjacentes.
10 - Fornos crematórios em Auschwitz. Hoje, na Polónia, nestes e noutros locais de antigos martírios, é frequente verem-se os mesmos cobertos de flores e velas, em homenagem às vítimas.
11 - Esta é a forca onde morreu, a olhar para o monstro que dirigiu, o último homem (cérebro maquiavélico) que comandou o campo de concentração de Auschwitz e concebeu todos os estratagemas para atrair as vítimas e as formas mais eficazes de reciclar todos os seus bens. Esta forca está estrategicamente colocada fora do campo, voltada para este e ao lado dos fornos crematórios.
12 - Aspecto geral do campo de concentração de Auschwitz.
Há quem diga que pertencemos
A uma nova sociedade
Será pelo facto de quereros
Paz, amor e liberdae?
13 - Entrada em Birkenau. O envidraçado superior do portão corresponde à área habitada pelo homem que controlava o campo de concentração. Dali, dado tratar-se de uma planície, tinha-se uma visão completa e abrangente do campo.
14 - Logo a seguir à entrada do campo de Birkenau pode observar-se uma infindável linha de caminho de ferro, pavilhões de ambos os lados e ao fundo as árvores que serviam para esconder as chaminés dos fornos crematórios.
15 - Em primeiro plano, a entrada para um abrigo subterrâneo utilizado pelos Nazis para se defenderem dos ataque aéreos. Como forma de impedir que os prisioneiros fugissem do campo de Birkenau, existia um fosso de água com 2 metros de profundidade à volta do campo. Caso alguém o conseguisse transpôr, teria de saltar a rede da vedação exterior, o que era impossível, dado esta se encontrar electrificada, pelo que quem passe o fosso depois morria electrocutado.
16 - Parte do que resta de uma das alas do campo de concentração de Birkenau.
17 - Quando os Nazis pressentiram que a guerra estava perdida e que brevemente o mundo descobriria as atrocidades por eles cometidas, incendiaram os pavilhões do campo de concentração de Birkenau. Como estes eram de madeira, não foi difícil o fogo atear e alastrar. O único contratempo foi que estes factos passaram-se no mês de Janeiro, num país acentuadamente frio e onde a neve é abundante nessa época, pelo que ainda restaram alguns vestígios dos pavilhões.
18 - Cada 3 chaminés correspondem a um pavilhão que albergava 600 prisioneiros.
19 - Interior de um dos pavilhões que restaram. Em cada nível do beliche dormiam 8 pessoas, o que só era possível em virtude do peso médio por adulto ser apenas de 30 Kg. Os prisioneiros tinham uma péssima e escassa alimentação, pelo que sofriam de desinteria crónica. O esforço físico a que eram sujeitos todos os dias era enorme: a maior parte deles fazia o percurso de ida e volta a pé, para uma fábrica de borracha distante cerca de 13 Km, debaixo de temperaturas que atingiam os 30 graus negativos e tinham que trabalhar durante todo o dia. A hora de dormir era a mais esperada. Mas aqueles mais castigados durante o dia não tinham força para subirem para a parte superior dos beliches e passavam a noite a suportar a diarreia proveniente daqueles que estavam por cima.
20 - Instalações sanitárias do campo de concentração de Birkenau. Por cada 3 pavilhões (1800 prisioneiros) existia uma instalação sanitária (W.C.) que não tinha uma afluência exagerada, pois o segundo e terceiro pavilhões ficavam longe e, em função da desinteria crónica que sofriam, não tinham tempo para chegar às instalações sanitárias. Os excrementos humanos eram aproveitados por um grupo específico de prisioneiros, que tinha a missão de recolher todos os excrementos para serem transformados em gás. Vários judeus, antigos prisioneiros deste campo de Birkenau, que resistiram à guerra e às torturas, tiveram a coragem de visitar este local onde tinham sido escravizados. Um deles deu como explicação de ter sobrevivido o facto de pertencer ao grupo de recolha de escrementos, pois nunca havia saído para o exterior do campo para ir trabalhar para a fábrica de borracha.
|